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quarta-feira, julho 02, 2003O «belo em si» é unicamente uma palavra, não um conceito. No belo, o homem põe-se como medida da perfeição; em casos selectos, adora-se a si mesmo. Uma espécie não pode senão deste modo dizer sim apenas a si mesma. O seu instinto mais ínfimo, o de autoconservação e de auto-expansão, irradia ainda mais em tais sublimidades. O homem crê que o próprio mundo está repleto de beleza - esquece-se de si como causa de tal beleza. Unicamente a si se presenteou com a beleza, com uma beleza, ai, muito humana, demasiado humana... No fundo, o homem espelha.se nas coisas, considera belo tudo o que lhe devolve a sua imagem: o juízo «belo» é a vaidade da sua espécie... Ao céptico pode uma pequena suspeita sussurrar ao ouvido a pergunta: embeleza-se realmente o mundo por o homem o tomar como belo? Ele humanizou-o e é tudo. Mas nada, absolutamente nada nos garante que o homem proporcionasse realmente o modelo do belo.
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